25/03/2009

/// DA IRRELEVÂNCIA

(PT) No lastro da web 2.0 têm florido uma serie de eventos que estruturam exclusivamente os seus conteúdos em autopropostas. A receita é muito simples: no caso da internet faz-se um interface e espera-se que os cibernautas façam o upload de informação; no caso de acções ao vivo ou material impresso, cria-se uma fórmula e espera-se que a pro-actividade das pessoas faça chegar à organização catadupas de propostas. Regra geral as catadupas nunca chegam e os resultados são medíocres. Na minha óptica, dois factores são fundamentais para este desenlace. O primeiro é que a força motriz destes mecanismos, mais do que uma genuína vontade em abrir a antena a novos talentos, é a maioria das vezes a preguiça da organização na prospecção e selecção de conteúdos, deixando à fortuna o que à competência e dedicação devia pertencer. O segundo é a convicção generalizada com o advento do youtube, do flickr, da blogsfera... que existe toda uma imensa população desconhecida a produzir coisas bonitas e com tempo e vontade de as apresentar ao mundo. Pois bem, bastará uma análise superficial a este universo upload-it-yourself para se perceber que apenas uma ínfima parte do que é produzido/apresentado tem alguma relevância. O resto é lixo. Abrir a antena a autopropostas é positivo. Dar espaço a sangue novo é desejável. Criar directórios abertos a inputs descentralizados recomendável. Agora não escorar estes mecanismos de acesso democrático em investigação prévia, processos de pré-selecção em determinados casos, convites directos em paralelo e eventuais estímulos a quem se chega à frente é um passo na direcção da irrelevância e da pouca participação.Vem esta reflexão a propósito do relançamento do directório online http://www.acasadavizinha.eu/ e da lamentação de José Adrião nas páginas do JA (Jornal dos Arquitectos) a propósito da pouca participação no Vírus - um suplemento aberto a contribuições externas da mesma publicação. LRO

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